No dia 1° de janeiro de cada ano, celebramos a Solenidade de Maria Mãe de Deus. O calendário civil marca o início de mais um ano e o calendário litúrgico, mais uma festa do Tempo do Natal. A mãe do menino recém-nascido é proclamada a Mãe de Deus. O Filho de Deus é verdadeiro Deus e humano. O título mais elevado, depois do Filho de Deus, é o da “Mãe de Deus”, diz o teólogo franciscano Duns Scotus.
Este é um dogma. “Muitos imaginam que o dogma é um pacote fechado, ou um remédio amargo que se engole sem mastigar” (MURAD, 2012, p.125). Os grandes dogmas da Igreja, surgiram nos cinco primeiros séculos, com a finalidade de resolver questões vitais da fé que não podiam ser esclarecidos somente pela Sagrada Escritura. Foram os grandes concílios (Nicéia, Éfeso, Constantinopla e Calcedônia) que resolveram conflitos especialmente na área da Cristologia. Os dogmas centrais do cristianismo são infalíveis (conquista irrevogável) e reformáveis (pois são condicionados ao tempo e a linguagem). No ano de 431, no Concílio de Éfeso, foi proclamado o dogma da Theotókos, Mãe de Deus. Um título que não aparece de maneira explicita nos Evangelhos, porém eles recordam e falam na Mãe de Jesus, e afirmam que Ele é Deus (Jo 20,28; Mt 1,22). O título theotókos, literalmente significa “aquela que gerou Deus”. O Filho de Deus assumiu a nossa natureza humana e foi concebido e dado à luz por Maria. De Maria nasceu Jesus que é humano e divino (Mc 3,31; Lc 2,48; Jo 2,1-12; 19,25).
O mistério da encarnação do Filho de Deus não é algo mágico. Santo Ambrósio, no século IV dizia que cada cristão é mãe como Maria, pois gera Cristo na sua alma e no seu coração. Maria vem nos ensinar que ser mãe é próprio do humano, e não uma “super criatura”. A “Maria do céu” é mesma “Maria de Nazaré”. É sumamente necessário, redescobrir a dimensão humana e existencial de Maria, que é a mulher corajosa, protagonista e profética.
Mas como podemos aplicar este dogma nos dias de hoje? Primeiramente, a Mãe de Deus contribui para fazer história por sua intervenção junto de Deus. A Mãe de Deus revela o que podem os seres humanos mais fracos, isto é, gerar Deus menino no seio da história. E por fim, temos um Deus que deseja aproximar-se de nós, por que nos ama. Deus deixa da sua condição divina e vem ao encontro da humanidade (Fl 2,5-8).
Frei Jorge Luís Huppes, ofm
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