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MISTÉRIOS GLORIOSOS - Parte 2

O ROSÁRIO COMENTADO DO PONTO DE VISTA BÍBLICO - Parte Final

4.3. Descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos (At 1,12-14; 2,1-4)


Pentecostes, dentro de uma ótica histórico-cronológica, teve seu momento de preparação. O próprio Jesus pede-lhes que se preparem. Estão presentes os apóstolos, a mãe de Jesus e outras mulheres e também os irmãos de Jesus. Na origem da Igreja, portanto, a mãe de Jesus também está presente. Os irmãos de Jesus não foram, inicialmente, muito entusiasmados com o projeto de Jesus. A tradição, porém, diz que após a sua experiência pascal formaram um grupo a parte e nem sempre aberto às novidades cristãs (cf. 1Cor 9,5; Gl 2,9.14). O mais famoso é Tiago, irmão do Senhor e bispo de Jerusalém. Em todo caso, esses formam o embrião ou miniatura que, apesar de suas diferenças, estavam unidos em oração: apóstolos, Maria e outras mulheres e os irmãos de Jesus.

"Tendo-se completado o dia de Pentecostes, [isto é, tendo chegado o quinquagésimo dia depois da Páscoa], estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuosos, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimissem" (At 2,1-4). Este grupo recebe a força do espírito e oficialmente inaugura o tempo da Igreja. No hemisfério norte era primavera. A navegação no mar Mediterrâneo era mais tranquila. Por isso estavam em peregrinação, em Jerusalém, pessoas de todas as partes do mundo conhecido de então. Era uma obrigação para todos os judeus de fora da Palestina irem a Jerusalém em peregrinação ao menos uma vez na vida. Enquanto estavam aí todos ouviam os apóstolos falarem as maravilhas de Deus em sua própria língua. Esse fenômeno é muito maior e mais profundo do que o simples falar outras línguas. O profeta Joel disse: "Derramarei o meu espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos anciãos terão sonhos, vossos jovens terão visões. Mesmo sobre os escravos e sobre as escravas, naqueles dias, derramarei o meu espírito" (Jl 3,1-2). Os tempos do Espírito não tem escolhidos especiais como no Antigo Testamento. Nos novos tempos não existe acepção de pessoas. Todos serão profetas: toda carne i. é, cada ser humano, independente de raça, sexo, cor, crença, situação econômica social política, ou seja, filhos e filhas, anciãos e jovens, servos e escravos. Estes serão os tempos do Espírito até o final dos tempos.


4.4. Assunção de Nossa Senhora (Lc 1,48-49)


A perícope de Lc 1,47-49 assim reza: "A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor".

Maria foi preservada de todo o pecado pelos méritos de seu Filho que, em tudo foi igual a nós menos no pecado. Por isso ela também, imaculada, participa da ascensão de seu filho sendo assunta ao céu. Maria é uma criatura de Deus como cada ser humano. Por isso sua assunção em corpo e alma ao céu quer ser uma antecipação da glória de Deus em nossa humanidade, pois ela representa toda a humanidade, ou seja, cada um de nós individualmente.


4.5. A coroação de Nossa Senhora como Rainha dos Anjos e dos Santos (Ap 12,1-17)

Maria é conhecida como Mãe de Deus. Como é possível? Ela é a mãe de Jesus. Jesus, porém, é Deus e homem. Ele tem (é) duas naturezas. Mas estas duas naturezas estão na mesma pessoa. A fé cristã assim reza: Um Deus, duas naturezas e três pessoas (Trindade). As duas naturezas são indivisíveis, inseparáveis. Se elas são inseparáveis, Maria não pode ser a mãe de uma delas separadamente, mas das duas. Isso a torna também mãe de Deus. Isso a torna mãe de toda a criação, tanto dos seres "espirituais" como também dos seres "materiais", ou seja, dos anjos e dos santos. Ela tem uma participação especial junto com Deus, em todo o projeto de Deus de, através de seu amor expansivo, querer que outros, junto com ele, gozem de uma felicidade que só o amor de Deus pode plenificar, pois ele é amor. São Francisco de Assis, percebendo isso, pode proclamar: "O amor não é amado". Isso a torna, como mãe, também a rainha, ou seja, plenipotenciária, no plano redentor de Deus, e por isso Rainha do Anjos e dos Santos.


Dr. Frei Romano Dellazari, ofm

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