A espiritualidade franciscana é essencialmente o seguimento de Cristo pobre, humilde e crucificado. São Francisco, na sua fidelidade e experiência de Deus, configurou-se, ou assemelhou-se ao Cristo. Sendo que no final da sua vida, trazia nos seu corpo, as chagas de Cristo. Veremos como gradativamente Francisco, descobriu o “Amor que não é amado” encarnado.
Quando o Santo de Assis recriou o presépio, foi na intenção de fazer a experiência e reavivar todo o mistério da encarnação do Filho de Deus. Mesmo sendo de condição divina, Cristo participa plenamente da nossa humanidade (Fl 2,6-7). Queremos recorrer também aos escritos que narram, esta ação de Francisco. “Quero evocar a lembrança do Menino que nasceu em Belém e todos os incômodos que sofreu desde a sua infância; quero vê-lo tal qual ele era, deitado numa manjedoura e dormindo sobre o feno, entre um boi e um burro” (1Cel, 84). “Esta Palavra do Pai tão digna, tão santa e gloriosa, o altíssimo Pai a enviou do céu por meio de seu santo anjo Gabriel ao útero da santa e gloriosa Virgem Maria, de cujo útero recebeu a verdadeira carne da nossa humanidade e fragilidade” (Carta ao Fiéis 4).
O que Francisco fez naquela noite, foi repetir em forma de catequese num presépio o que Deus havia feito em Belém. Por isso, simultaneamente o cosmos e o coração de cada ser humano tornaram-se presépios. Naquele vale, cheio de montanhas, entre o boi e o asno, entre o divino e o humano, estava montado o presépio. Francisco de pé, diante do mesmo, tomado pela alegria e a compaixão, aguardava o inicio da missa. Da mesma forma, que Cristo se encarnou em Maria, mediante ação do Pai e do Espírito Santo, Deus vem a nós em cada Eucaristia. “Eis que diariamente Ele se humilha, como quando veio do trono real ao útero da Virgem, diariamente Ele vem a nós em aparência humilde, diariamente Ele desce do seio do Pai sobre o altar nas mãos do sacerdote” (Adm 2, 16-18).
Temos o mesmo Cristo do presépio na Cruz. Sua encarnação veio foi para garantir a vida ao ser humano. Percebemos que a experiência de Deus feita por Francisco e seus confrades foi muito profunda e real. Eis um desafio para nós hoje, voltar a Jesus e encontrar Nele o sentido da nossa existência. Fazendo acontecer nossas celebrações a alegria de Belém.
Frei Jorge Luis Huppes OFM.
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